Ministros do BRICS assinam declaração conjunta para fortalecer educação

O fortalecimento da educação profissional e tecnológica (EPT), a expansão da Rede de Universidades do BRICS e o uso ético da inteligência artificial (IA) na educação básica foram os destaques dos compromissos firmados pelos ministros da Educação do bloco, em declaração conjunta assinada na última quarta-feira (5/6), no Palácio Itamaraty, em Brasília. O vice-presidente de Relações Institucionais do Conif e reitor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), José Arnóbio, participou do encontro como ouvinte e representante das instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.


O vice-presidente do Conif destacou a relevância das trocas no campo da educação dos países que compõem o bloco.


"Algo importante que eu fiquei observando muito é da importância da Educação Profissional e Tecnológica nesses países como modelo de impulsionamento da economia. Então, é muito interessante, abre grandes possibilidades para as nossas instituições de formarmos acordos bilaterais com os institutos de Educação Profissional e Tecnológica desses países", afirma Arnóbio.


Confira a íntegra da Declaração Conjunta da 12ª Reunião dos Ministros da Educação dos BRICS 


Aliança de Cooperação em EPT

A reunião ministerial marcou a formalização da Carta da Aliança de Cooperação em Educação Profissional e Tecnológica (BRICS-TCA), proposta iniciada na China em 2022 e concluída neste ano.


A Aliança pretende ampliar as oportunidades individuais e potencializar o desempenho econômico dos países-membros, além de fortalecer o intercâmbio de informações e de boas práticas entre os países. Além disso, os países estabelecem benefícios mútuos e uma cooperação de longo prazo no campo da EPT, estimulando o crescimento econômico dos países do BRICS. 


O acordo deverá, ainda, assegurar a participação equitativa de todos nas atividades de EPT, incluindo mulheres, populações rurais, pessoas com deficiência, migrantes, grupos sub-representados e comunidades locais.


O objetivo é impulsionar a conexão entre o sistema educacional e as competências específicas exigidas pelo mercado de trabalho. A iniciativa busca atuar diretamente sobre as lacunas existentes, promovendo um ambiente educacional mais responsivo e eficaz. 


Como parte da agenda do BRICS-TCA, no segundo semestre deste ano o Conif irá coordenar atividades virtuais sobre Inteligência Artificial (IA), Energia Verde e Sustentável e Educação no Campo e em Áreas Remotas. Além disso, em parceria com a Rússia, irá dar sequência a uma pesquisa colaborativa sobre a EPT nos países do bloco.


O ministro Camilo Santana também compartilhou um avanço recente do governo brasileiro: a sanção, em janeiro deste ano, da lei do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que permite aos estados brasileiros trocarem os juros das dívidas com a União por compromissos quantitativos de matrícula de jovens em escolas de tempo integral, com foco na EPT.  


“Temos consciência da potência que a educação profissional significa para o desenvolvimento socioeconômico, para os arranjos produtivos locais, para a inclusão social e para a geração de trabalho decente”, ressaltou. 


O vice-ministro da Educação da Rússia, Konstantin Mogilevskiy, esclareceu sobre a importância da cooperação do BRICS para promover uma educação mais justa e inclusiva. 


“O primeiro passo, que já estamos fazendo, é compartilhar experiências de aprendizado e conhecer as melhores práticas educacionais entre os países. Para assegurar a qualidade da educação, não existe um sistema único que funcione para todos, mas utilizamos ferramentas e metodologias desenvolvidas e apoiadas por esses países”, pontuou Mogilevskiy.  


Inteligência artificial


Um dos temas centrais do BRICS Educação é o uso ético e eficiente da IA na educação básica. O embaixador Mauricio Lyrio, designado como sherpa pelo governo brasileiro, explicou que o grupo está promovendo uma discussão sobre a governança global da IA, com o objetivo de estabelecer uma estrutura justa, que assegure a todos os países o acesso e os benefícios proporcionados por essa tecnologia.


Ele adiantou que está em negociação uma declaração especial sobre a governança da inteligência artificial, que deverá ser adotada pelos líderes na Cúpula do BRICS, marcada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro (RJ).  


“A inteligência artificial que vem transformando nossas vidas, de forma tão acelerada, foi naturalmente escolhida como uma das prioridades gerais da nossa presidência. O Brasil está propondo colocar os temas de desenvolvimento no centro de debate sobre IA, indo além de segurança e privacidade”, afirmou.


Por meio da Declaração, todos os países reconheceram o potencial transformador da IA na reformulação da educação, destacando as oportunidades que essa tecnologia oferece para melhorar os resultados de aprendizagem, personalizar o ensino, reduzir desigualdades e aliviar encargos administrativos. O grupo ressaltou, ainda, que a IA deve ser vista como uma ferramenta complementar ao trabalho dos professores, contribuindo para o aumento da eficiência, mas jamais substituindo o papel essencial dos educadores. 


A ministra de Educação Básica da África do Sul, Siviwe Gwarube, reforçou que o foco é garantir que a inteligência artificial seja uma ferramenta para inclusão, e não mais um fator que aumente as desigualdades. “Usando a tecnologia — e usando-a de forma inteligente, com a ética e respeitando os limites necessários — podemos realmente aproveitá-la para garantir que igualemos as desigualdades em vários países”, explicou. 


Rede de Universidades do BRICS


Outro ponto de destaque foi a assinatura do Protocolo de Adesão da Indonésia ao Memorando de Entendimento sobre o Estabelecimento da Universidade em Rede do BRICS (BRICS-NU). Com isso, o país passa a integrar oficialmente a rede de cooperação acadêmica, que busca fortalecer o intercâmbio de estudantes, pesquisadores e instituições de ensino superior entre os países-membros, ampliando as oportunidades de colaboração científica e educacional no agrupamento. 


Na sexta-feira, 6 de junho, os representantes das 140 universidades que integram a rede estarão presentes em evento no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro para ampliar as discussões sobre o tema. 


Avaliações e qualificações acadêmicas


Mais um pilar importante da Declaração Conjunta são as avaliações no ensino superior e o reconhecimento de qualificações acadêmicas. Embora os países-membros já contem com mecanismos nacionais de avaliação e garantia de qualidade, os ministros destacaram um potencial ainda inexplorado de atuação conjunta no desenvolvimento de princípios comuns e marcos renovados.  


Ao defender a superação de métricas estreitas e descontextualizadas, frequentemente baseadas apenas no prestígio, os BRICS propõem o ajuste de indicadores mais sensíveis às realidades sociais, culturais e econômicas de cada país. A meta é fortalecer uma cultura de avaliação que valorize as contribuições reais da pesquisa, do ensino e do engajamento social. 


Os ministros enfatizaram a necessidade de desenvolver indicadores avançados capazes de medir adequadamente os impactos sociais, econômicos e ambientais da inovação universitária em benefício de sua população. 

Diretoria de Comunicação do Conif
Texto: 
Assessoria de Comunicação Social do MEC, com informações do BRICS Brasil

Foto: Rafael Medelima

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