Pela manhã do 2ª dia do II Seminário do Fórum de Educação do Campo, os painéis foram sobre Permanência e Êxito nos campi agrícolas e Soberania Alimentar.
“A estrutura física do Campus Agrícola como possibilidade de permanência e êxito” foi o assunto mediado pelo Prof. Maicon Fontanive, do Instituto Federal Catarinense (IFC). A mesa trouxe narrativas de todas as regiões do país analisando os desafios dos jovens e adultos para estudarem no campo.
Refeitórios – o Prof. Luiz Flávio Reis Fernandes, do Instituto Federal Sul de Minas (IFSULDEMINAS), falou sobre as necessidades de uma boa administração e recursos para pessoal, água, energia e alimentos e muito mais do que isso sobre as novas demandas de cardápio que chegam, como, por exemplo, opções vegetarianas e certificações orgânicas, combate ao desperdício, questões sanitárias, educação cultural (como estudantes que levam seus cachorros junto para almoçar), o refeitório como espaço essencial para permanência estudantil, interação, pesquisas. Trouxe também referência sobre custo-refeição, subsídios, parcerias com os produtores, uso de recursos do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e da assistência estudantil e encerrou com depoimentos de estudantes.
Moradia Estudantil – Prof. Lívio dos Santos Wogel, do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) Campus São Vicente, trouxe sua experiência como gestor da maior escola agrícola do Brasil. O campus tem 80 anos e tem uma dimensão territorial de 5 mil hectares, sendo a metade de área produtiva. A capacidade das residências estudantis no Campus São Vicente é de 490 pessoas.
Para o diretor, falar de Moradia Estudantil é falar de acesso, permanência e êxito das periferias e interiores, combate ao subemprego e da gestão de uma comunidade que vai além do espaço para dormir, envolve alimentação, lazer, cultura, saúde, segurança, convivência, enfim, é falar do desenvolvimento da pessoa de forma integral.
Já sobre Setores de produção/alimentação, o Prof. Deivid Dutra de Oliveira, do IF Farroupilha/Campus São Vicente do Sul, disse que a fazenda-escola dele tem mais de 2 mil estudantes, sendo que 308 são residentes, e destes metade são mulheres. Ele falou sobre Política de Permanência e Êxito (PPE), sobre o Programa de Segurança Alimentar e sobre a metodologia para garantir que 100% da alimentação seja gratuita, como o planejamento sistemático de planejamento, sendo essencial a visão integrada da produção de alimentos com o Laboratório de Pesquisa, Ensino, Extensão e Produção. “A prática é que desperta o crescimento educacional”, disse.
Atividades pedagógicas realizadas nas comunidades do campo das águas e das florestas – a comunidade como espaço de formação foi a abordagem da Profª Darlane Cristina Maciel Saraiva, do Instituto Federal do Amazonas (IFAM): a diversidade dos sujeitos da região com povos indígenas, quilombolas e de pessoas que vieram do mundo todo. “Existem outros modos de se relacionar com as pessoas e o ambiente. O espaço da família, da comunidade e da escola como permanência e êxito pelo sistema de alternância. São espaços de produção e de formação de cidadania, respeitando, por exemplo o bilinguismo. Temos alunos que saem 3h30 da manhã de casa, caminham por estradas vicinais e navegam por rios para chegar até a escola. Falta amparo legal para o trabalho docente para atendê-los”, disse.
Sobre Agroecologia, o Prof. José Geraldo Bezerra Galvão Junior, do Campus Ipanguaçu do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, falou sobre como as Unidades de Técnicas Demonstrativas (UTDs) estimulam a vivência dos alunos; trilhas ecológicas – espaços com áreas produtivas, ambientais e turísticas; sustentabilidade como coleta de resíduos e o tratamento de resíduos, Núcleos de Estudos de Agroecologia, Centros de Vocações Tecnológicas para estudantes e a comunidade e os Núcleos de Incubação Tecnológica.
A segunda mesa do 2º dia do II Seminário Forcampo trouxe o tema Segurança Alimentar em nível mundial – papel do Brasil e da Rede Federal. A mediação foi do anfitrião, Prof. Nilton Cometti, diretor-geral do IFB Campus Planaltina.
Suênia Cibeli Ramos de Almeida, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa – Cerrados) trouxe o conceito de Segurança Alimentar como um método criado por órgãos internacionais e adaptados no país para medir a fome. “Fome envolve mais do que falta de alimento; são múltiplos aspectos de desigualdade social, renda e educação”, disse.
Ela trouxe dados como números que mostram que a população rural tem mais insegurança alimentar do que a urbana, sobre as regiões Norte e Nordeste como as que mais sofrem nesse aspecto e a análise de contradição dessa realidade com o fato de o Brasil ser um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. “Precisamos repensar as relações de quem produz de fato alimento para abastecer a população e as comodites. Todos estamos envolvidos com o pacto de combater a fome, e isso precisa de políticas mais justas”, analisou.
Rosa Neide Sandes, diretoria Administrativa, Financeira e de Fiscalização da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) falou sobre a diversidade cultural alimentar das regiões do Brasil, a necessidade das parcerias locais e explicou como funciona o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em que o agricultor familiar pode receber até R$ 15 mil em troca de alimentos para abastecer programas que apoiem a soberania alimentar. “Importante que cada diretor de campus da Rede Federal procure a Conab de sua região, sendo parceira, tanto para orientar os agricultores da comunidade e familiares dos estudantes impulsionando suas roças como sendo bolsistas, como servindo para auxílio das próprias unidades escolares.
E fechando o tema, Virgínia Mirtes de Alcântara Silva, da Rede Nacional de Pesquisa Resiliência Climática, explicou como a rede de 47 países está interagindo, compartilhando pesquisas para que a ciência ajude a vencer a insegurança alimentar dos povos. “A mudança climática limita a produção agrícola — é um efeito físico. Temos chuva intensa, secas, ondas de calor ou frio diferente do que esperávamos. É um problema sem fronteiras, é global´”, explicou, falando de soluções como o estímulo a energias renováveis, o equilíbrio entre mercado interno e externo, melhoria nas relações diplomáticas para troca de tecnologias entre países, intercâmbio de pesquisas que visem ao coletivo, sem “ego” científico, e o fortalecimento local. Mostrou ainda exemplos de pesquisas de alimentos supervitaminados produzidos pela Embrapa e projetos que otimizam a energia solar, o gotejamento de água monitorada com tecnologia simples de arduíno, possibilitando o acompanhando a distância por celular, modelos de secadores de alimentos e outros. “São ações de resiliência e equidade em que a Rede Federal pode se envolver precisando de infraestrutura, capacitação e recursos para mudarmos realidades”.
Clique aqui e assista na TV IFB a essas duas mesas da manhã do dia 14 de junho no II Forcampo.
Assessoria de Comunicação do Conif
Texto e foto: Dicom/IFB