MEC e Huawei lançam programa para beneficiar 5.000 mulheres no Nordeste

Uma iniciativa conjunta do Ministério da Educação (MEC) e da multinacional chinesa Huawei vai beneficiar mais de 5.000 mulheres brasileiras com cursos de capacitação. O programa “Mulheres para a Tecnologia Brasileira” foi lançado nesta quarta-feira (11), em João Pessoa-PB, no Paço dos Leões, em um evento exclusivo para convidados. O Instituto Federal da Paraíba (IFPB) é parceiro da ação, que será viabilizada por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec). A cônsul-geral da China no Recife, Lan Heping, estava entre as autoridades presentes ao evento.


 Com investimentos de R$ 5 milhões da Huawei, serão contemplados inicialmente cinco estados do Nordeste: Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí e Sergipe. Cada estado deve ofertar mil vagas. Existe a perspectiva de ampliar o programa para o restante do país no futuro, mas o acordo entre o Ministério da Educação e a empresa já prevê a disponibilização de uma plataforma para toda a rede de ensino no Brasil. A iniciativa visa à inclusão social, educacional e produtiva de mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica, mas alunas das instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica também terão prioridade nas vagas.


 Será ofertada qualificação em áreas estratégicas, como inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), nuvem e empreendedorismo digital, e a carga horária é de 160 horas por curso. A exemplo do “Mulheres Mil” — criado em 2007, instituído nacionalmente em 2011 e retomado em março deste ano pela atual administração federal —, o “5.000 Mulheres para a Tecnologia Brasileira” será executado no modelo de bolsa-formação, vinculada à permanência das estudantes no curso escolhido. Para a execução do programa, também serão selecionados profissionais interessados em atuar na condição de professores bolsistas.


O titular da Setec/MEC, Marcelo Bregagnoli, explicou que a parceria público-privada vai além da qualificação profissional, pois cria cinco mil oportunidades, dentro do princípio da empregabilidade e do empreendedorismo, buscando reparar desigualdades históricas relacionadas à vulnerabilidade social e econômica das mulheres. “Para além disso, esse convênio estabelece uma parceria próxima da Huawei e dos Institutos Federais, com o MEC, na perspectiva de tecnologias para laboratórios, apoio para eventos técnico-científicos, estágios e oportunidades de emprego”, declara.


 O secretário lembrou que uma das principais políticas públicas efetivas do atual governo são os Institutos Federais, e a Rede Federal foi escolhida para executar o programa devido à sua excelência e compromisso com a qualidade. “A gente inicia essa ação de qualificação com uma grande ponta de lança, que é a maior que a Rede Federal pode ter, justamente porque trabalha com a questão da formação de pessoas para ampliar a questão tecnológica, dentro do ensino, da pesquisa e da extensão”, declarou Marcelo Bregagnoli. “A gente está falando em sinergia, em potencializar ações que seriam diferentes se aplicadas de modo individual”, destaca.


 Durante o evento, Victor Montenegro, diretor de Educação e Responsabilidade Social da Huawei Brasil, ressaltou a importância dos Institutos Federais no programa. “A Rede de Institutos Federais tem uma capilaridade sem igual. Existe Instituto Federal em todo local. Então, o que a gente quer, através dessa capilaridade, é, através de investimentos que a gente já faz na Rede, qualificar mulheres em tecnologia. Desde aquela que não sabe de nada, e que pode ter um letramento digital, até aquela que já tem alguma noção de tecnologia”, diz.


 “A capilaridade da Rede Federal é essencial para acelerar a qualificação digital no Brasil e diminuir as disparidades regionais. Educação e inclusão devem caminhar juntos, especialmente em um país tão desigual como o nosso”, afirma Victor Montenegro. “Então, esse programa é um passo muito importante”.


Para a reitora Mary Roberta, o programa “Mulheres para a Tecnologia Brasileira” tem uma relevância muito grande no enfrentamento à desigualdade de gênero, visto que visa inserir mulheres no mercado de trabalho tecnológico, valorizando a diversidade e o potencial feminino. “É um direito das mulheres ter espaço em todas as áreas da sociedade e elas podem passar a exercer tal direito a partir dessas oportunidades”, declara. “Esse programa tem o papel de trazer as mulheres para o mundo tecnológico, para que elas possam dar sua contribuição à sociedade, para que seus cérebros sejam aproveitados e que o lado humano e feminino esteja em todos os lugares”, disse a dirigente máxima do IFPB.


 Representando o governador da Paraíba no evento, o secretário Cláudio Furtado (Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior) destacou a importância de ações afirmativas voltadas à inclusão de mulheres na tecnologia. “A gente tem uma baixa participação de mulheres na área da tecnologia, e isso não é um problema só do Brasil, é um problema mundial. E ações afirmativas como essa, em que você une o setor produtivo ao setor acadêmico, são muito importantes porque você já tem uma formação casada. Você já vai atender uma necessidade, uma demanda de mercado”, comentou, ressaltando que o programa alia o componente social com recorte de gênero à formação de mentes de obra para o mercado.


 A cônsul-geral Lan Heping destacou em seu pronunciamento as iniciativas da China com foco na implementação de políticas de igualdade de gênero e de fomento ao empreendedorismo feminino, aumentando a consciência de autoproteção das mulheres e promovendo a melhoria de sua posição social. Lan Heping também ressaltou que a China está pronta para trabalhar com todos os setores da comunidade brasileira para promover ainda mais a cooperação prática no campo da ciência e tecnologia.


 Já o deputado federal Ruy Carneiro (PODE-PB) disse que mais empresas precisam sair do eixo Rio-São Paulo, a exemplo do que a Huawei está fazendo ao focar o programa “Mulheres para a Tecnologia Brasileira” em estados do Nordeste. Carneiro ainda fez referência ao apoio constante da bancada paraibana federal ao Instituto Federal da Paraíba, por meio da destinação de emendas parlamentares, e evidenciou a importância de iniciativas entre a iniciativa privada e o governo. “É uma honra representar a Câmara Federal neste evento que eu chamo de ‘Evento de Cidadania’. Estamos juntos aqui fazendo cidadania, ao buscar dar oportunidades para as mulheres”, afirma.


 A ministra Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação) não pôde estar em João Pessoa, mas enviou um vídeo saudando os participantes da solenidade e celebrando a iniciativa conjunta entre o governo federal e a multinacional chinesa.


Homenagem a mulheres por atuação de destaque


O evento na capital paraibana reuniu lideranças políticas, empresariais e educacionais, incluindo seis reitoras da Rede Federal: Mary Roberta Meira Marinho (IFPB); Ana Paula Palheta Santana (Instituto Federal do Pará); Nilra Jane Filgueira Bezerra (Instituto Federal de Roraima); Ruth Sales (Instituto Federal de Sergipe); Oneida Cristina Gomes Barcelos Irigon (Instituto Federal de Goiás); e Ana Paula Giraux Leitão (Colégio Pedro II). A vice-prefeita eleita de Cabedelo, Camila Holanda (mulher do deputado federal Mersinho Lucena); a publicitária e presidente do União Mulher Paraíba, Carol Morais (mulher do senador Efraim Filho); e a médica e Secretária de Políticas Públicas para a Mulher, Rossana Freire Galdino (mulher do deputado federal Murilo Galdino), participaram da cerimônia.


Durante a solenidade, a Huawei homenageou mulheres que se destacam em sua área de atuação, dada suas contribuições e ações para a promoção da igualdade de gênero e na redução das disparidades no mercado de trabalho. Além das reitoras da Rede Federal, foram homenageadas as seguintes personalidades com o troféu Women in Tech 2024: Claudia Cohn, CEO Dasa; Miriam Aquino, diretora do Telesíntese; Daniella Ribeiro, senadora paraibana (representada por Camila Mariz, segunda-dama da Paraíba e coordenadora do programa “Antes que Aconteça); Paula Dora Aostri Morales, delegada da Polícia Federal e diretora da ADPF (Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal);


Também foram homenageadas: Cristina Cestari, CIO da Volkswagen para a Região América do Sul; Sonia Faustino Mendes, secretária-executiva do Ministério das Comunicações (representada por Ana Beatriz Souza Almeida, chefe de gabinete da secretaria-executiva); Débora Heredia Ignacio Bortolasi, vice-presidente da Vivo (representada por Cintia Pagani, diretora de Produtos); Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil (representada por Lorena Prado, gerente executiva do BB); e Glória Guimarães, integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS).


As dirigentes presentes no evento compartilharam a emoção de receber essa homenagem: 


"Receber esta homenagem da Huawei, ao lado de outras reitoras da Rede Federal, é um reconhecimento que transcende o individual e destaca o papel das mulheres na liderança da educação pública. À frente da gestão do IFRR, tenho buscado fortalecer a inovação, a inclusão e o impacto social, promovendo oportunidades transformadoras para estudantes, servidores e comunidades. Este momento reforça o compromisso com uma gestão que inspira e entrega resultados concretos para a sociedade." (Nilra Jane Filgueiras - Reitora do IFRR)

“É uma grande honra ser a primeira mulher a ocupar o cargo de Reitora no Instituto Federal da Paraíba, num momento em que programas são desenvolvidos pelo Governo Federal como o Mulheres Mil, que havia sido quase extinto no governo anterior, e agora o 5000 Mulheres para a Tecnologia Brasileira, numa parceria com a multinacional Huawei, para melhorar a vida de nossas mulheres em situação de vulnerabilidade social. É um momento único vivido. Histórico e ímpar. Estou muito feliz.” (Mary Roberta Marinho - Reitora do IFPB)


"Agradeço e parabenizo a Huawei pelo momento histórico, oportunizando às mulheres em situação de vulnerabilidade o acesso a tecnologia digital, tão importante para o mundo do trabalho e a transformação de vidas. Somos o veículo que permitirá que elas estejam no ponto de largada para ter a possibilidade de cruzar a linha de chegada. Fico feliz por ser lembrada por uma coisa que amo fazer e por estar ocupando uma função que me permite realizar esse trabalho gratificante com essas mulheres." (Ruth Sales - Reitora do IFS)


"A homenagem pode parecer um reconhecimento pessoal, mas não é. Ela é uma celebração da competência e capacidade que nós, mulheres, possuímos de ocupar diversos lugares e posições. Temos trabalho para, ao longo de nossa gestão no IFPA, promover políticas e ações que não valorizem apenas a presença feminina, mas que formem uma geração de mulheres mais confiantes e preparadas para o mundo do trabalho, bem como para a construção de uma autonomia crítica das relações de gênero. A medalha recebida é um incentivo para seguir em frente, reafirmando nosso compromisso com a igualdade de gênero e com a construção de uma Rede Federal que valoriza e empodera mulheres - sejam cis, trans, ribeirinhas, quilombolas - confirmando que o futuro do nosso país é feminina, plural e socialmente comprometida com a inclusão e o respeito às diferentes identidades." (Ana Paula Palheta - Reitora do IFPA)


"Receber uma homenagem e participar deste evento representa não apenas um reconhecimento individual, mas uma vitória coletiva das mulheres que desafiam as relações de dominação e resistem às barreiras impostas pela divisão desigual do trabalho e do saber. Este momento é um símbolo de que a luta por igualdade não se dá no plano do ideal, mas é construída na prática concreta, com ações que redesenham as possibilidades de futuro. Cada passo nessa direção fortalece a luta coletiva pela superação das contradições que marcam nossa formação social. Nossa gestão no IFG tem se pautado por ações que conectam a educação pública às necessidades concretas da sociedade, com ações que refletem nosso esforço em ampliar as oportunidades para mulheres, contribuindo para a autonomia e a inserção dessas alunas em um mercado de trabalho mais inclusivo." (Oneida Irigon - Reitora do IFG)


"O projeto 'Mulheres para a Tecnologia Brasileira', parceria entre MEC/Setec, Rede Federal e Huawei, busca qualificar mulheres em áreas estratégicas como IA, IoT e empreendedorismo digital. Ainda precisamos de muitas ações como essa para desconstruir dois princípios organizadores da divisão social do trabalho: a separação entre aquilo que é considerado trabalho de homem e o que é considerado trabalho de mulher e a perspectiva hierárquica de que trabalho de homem 'vale' mais que trabalho de mulher.  No IFB, ações como Meninas e Mulheres na Ciência e Meninas e Mulheres na Extensão incentivam a participação feminina na tecnologia e combatem estereótipos de gênero. O PAPP Diversidade fortalece os Núcleos de Gênero e Diversidade Sexual e Neabi. Em 2024, o IFB investiu na estruturação do NUGEDIS para promover equidade e direitos humanos." (Veruska Machado - Reitora do IFB)


"Foi uma homenagem muito significativa, que não é permitida apenas as mulheres que atuam diretamente na área de tecnologia, mas também aquelas que trabalham na educação. A gestão feminina enfrenta desafios importantes, pois o machismo estrutural ainda dificulta nosso trabalho. Apesar de a educação ser uma área predominantemente feminina, os espaços de alta gestão ainda são majoritariamente ocupados por homens. É essencial valorizar as mulheres que nos precederam, refletir sobre suas trajetórias e entender como suas histórias moldaram quem somos hoje. Além disso, devemos pensar em como as formações podem empoderar outras mulheres. A escola é um espaço de inclusão. Não somente dos nossos estudantes, mas das famílias que nos rodeiam. Falar de tecnologia e não pensar nas pessoas é um tiro sem alvo. Por trás da tecnologia que vai evoluindo dia a dia estão as pessoas que vão usar essa tecnologia e vão oportunizar avanços na vida delas." (Ana Paula Giraux - Reitora do Colégio Pedro II)


Painel debate integração da mulher no mercado tecnológico


O evento de lançamento do programa “Mulheres para a Tecnologia Brasileira” ainda contou com o painel “Desafios e Integração da Mulher no Mercado Tecnológico". Conduzido por Cintia Lima, diretora de Comunicação da Huawei Brasil, o espaço contou com a participação da segunda-dama da Paraíba, Camila Mariz; da chefe de gabinete da Secretaria-Executiva do Ministério das Comunicações, Ana Beatriz Souza Almeida; da executiva na Diretoria de Tecnologia do Banco do Brasil, Lorena Prado; da reitora do Instituto Federal de Sergipe, Ruth Sales; e da médica e Secretária de Políticas Públicas para a Mulher, Rossana Freire Galdino.


Em sua participação, Rossana Galdino desejou que o governo e o MEC continuem ampliando parcerias com a iniciativa privada. “Quando você capacita uma mulher, você transforma uma comunidade”. Camila Mariz relatou que sua mãe foi vítima de feminicídio e pontuou que a parceria lançada na Paraíba era um evento disruptivo na atual cultura brasileira. Ana Beatriz Souza lembrou que, quando decidiu seguir na área da tecnologia, não encontrou referência alguma em sua família, situação semelhante à retratada em vídeo exibido pela Huawei. Já a reitora Ruth Sales lembrou que a tecnologia social precisa da tecnologia digital para ajudar as mulheres, o que pode ser viabilizado pela parceria entre o MEC e a Huawei. “E isso é fantástico! Não existe transformação de vida sem educação”.


SAIBA MAIS:


A Huawei é líder global de infraestrutura para Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e dispositivos inteligentes. A companhia tem como visão enriquecer a vida das pessoas por meio das tecnologias digitais e é dedicada à inovação centrada no cliente;


A multinacional trabalha em parceria com brasileiros, impulsionando a inovação e ajudando a desenvolver novos talentos locais para o setor de telecomunicações. Nos últimos 10 anos, treinou mais de 40 mil profissionais em todo o Brasil;


Desde 2022, a Huawei mantém no Brasil o programa Women in Tech (Mulher em Tecnologia), que agora será ampliado no país por meio da parceria público-privada entre a multinacional chinesa e o governo brasileiro.


Diretoria de Comunicação do Conif

Texto: Angélica Lúcio - jornalista da DGCOM/IFPB;

Imagens: Divulgação/Huawei


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