Confira as atrações da tarde de 06 de agosto do Forcampo

Durante a programação da tarde desta quarta-feira, dia 06 de agosto, do Forcampo, as atividades foram iniciadas com a apresentação de teatro, As histórias de Ananse, da professora Sirléia Maria Arantes junto com estudantes dos cursos técnicos integrados do Campus Barbacena.


Em seguida foi realizada a mesa temática Ensino Agrícola Integrado, com a participação de diversos educadores da Rede Federal. O palestrante, professor Dalcione Lima Marinho, propôs uma reflexão crítica sobre os fundamentos conceituais que sustentam o ensino agrícola nos Institutos Federais.


O professor Dalcione destacou a necessidade de repensar as bases que historicamente moldaram a formação agrícola no Brasil. Segundo ele, o modelo tradicional de ensino agrícola sempre esteve atrelado a um viés ideológico que privilegiava exclusivamente a produção agropecuária em larga escala, reforçando práticas excludentes e uma lógica produtivista.


"A participação na mesa foi estratégica porque permitiu dialogar com temas abordados anteriormente, como a agroecologia e a educação do campo. Minha tentativa foi provocar uma reflexão sobre a urgência de repensarmos os conceitos que sustentam o ensino agrícola até hoje", afirmou.


Para Dalcione, a Rede Federal precisa assumir o papel de vanguarda na transformação desse modelo, justamente por ser uma estrutura educacional com potencial para romper com o dualismo estrutural do ensino — que historicamente separa formação técnica de formação crítica e cidadã. "Temos em nossas mãos um ecossistema educacional progressista, com princípios integradores e humanísticos. Não faz sentido perpetuar uma concepção ultrapassada de ensino, que já foi superada até mesmo por teorias educacionais do século passado", completou.


A inclusão da educação do campo e da agroecologia foi outro ponto destacado como estratégico. "Hoje, a produção de base familiar, que é realizada majoritariamente por pequenos agricultores, responde por uma parte significativa da nossa alimentação básica. São essas comunidades que mantêm vivas práticas sustentáveis e a diversidade sociocultural do país", afirmou o educador.


Ele também lembrou que os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e camponeses têm atuado como verdadeiros guardiões da biodiversidade brasileira, contribuindo não só para a soberania alimentar, mas também para a preservação ambiental. "Precisamos de uma educação que dialogue com esses sujeitos historicamente excluídos, uma educação que se comprometa com todos os públicos e que enfrente a lógica de exclusão imposta por modelos educacionais ideológicos e seletivos."


A fala do professor reforça a importância de atualizar os currículos e práticas pedagógicas no ensino agrícola, alinhando-os aos valores contemporâneos de sustentabilidade, inclusão e justiça social, pilares que sustentam a missão dos Institutos Federais em todo o país.

O professor José Alcir Barros de Oliveira, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus Barbacena, participou como mediador da mesa temática. O debate abordou os desafios e as possibilidades da formação técnica voltada ao meio rural.


Durante a palestra, o professor destacou a relevância do tema para o contexto do campus em que atua, situado em uma região de agricultura familiar e predominância da pecuária leiteira. “Essa discussão é extremamente importante para nós, do IF Sudeste MG – Barbacena, porque trata diretamente de um cenário que vivenciamos: a realidade de um campo esvaziado de jovens, com poucas perspectivas de permanência no meio rural”, afirmou.


Segundo ele, é fundamental refletir sobre o papel do ensino técnico integrado ao ensino médio como ferramenta de transformação social e desenvolvimento local. "Nós estamos em uma região onde não há produção de grãos em larga escala, como em outras partes do país. Nossa base é a agricultura familiar. Por isso, precisamos de propostas pedagógicas que estejam em sintonia com essa realidade", explicou.


O professor também fez um alerta sobre a evasão de jovens do campo e o esvaziamento das escolas agrícolas. “Falta força de trabalho e também força intelectual no meio rural. Muitos jovens não permanecem no campo e precisamos entender por quê. Onde estão esses estudantes? Por que as escolas agrícolas deixaram de ser referência para eles?”, questionou.


Para ele, eventos como este são fundamentais para fortalecer a Rede Federal e promover o intercâmbio de experiências entre diferentes regiões. “O contato com colegas de outros estados e instituições é extremamente enriquecedor. As realidades são diversas, mas os desafios têm pontos em comum. Juntos, podemos construir propostas que realmente façam sentido para cada território.”


Encerrando sua fala, José Alcir reforçou a necessidade de união e mobilização entre os educadores da Rede Federal. “Temos que trabalhar em conjunto, acreditar na potência dos nossos territórios e continuar propondo caminhos. Estamos aqui para isso: refletir, propor e lutar por uma educação que transforme realidades.”


Diretoria de Comunicação do Conif

Texto: Raquel Blank/Coordenação-geral de Comunicação Social e Marketing - IF Sudeste MG

Foto: Bianca Alvin/Coordenação-geral de Comunicação Social e Marketing - IF Sudeste MG

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