A resiliência dos nossos servidores é uma das forças motrizes da educação brasileira há muito tempo. Formadores do futuro, são os docentes e os Técnicos Administrativos em Educação (TAE) que trabalham para contar o passado e transformar o presente, para alicerçar o porvir. No entanto, a realidade hoje imposta, com os desinvestimentos acumulados na educação brasileira e a desvalorização constante do papel do servidor público colocam em xeque o projeto educacional do país.
A centenária Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica - formada por 38 Institutos Federais, dois Cefets e o Colégio Pedro II – tem sido negligenciada sob diversos aspectos. Desde 2016 o orçamento das instituições não evolui, fato que dificulta investimentos robustos no tripé ensino, pesquisa e extensão. Para os servidores a situação também é complicada, seja pela ausência de um plano de carreira adequado, seja pelo parco piso salarial.
Com efeito, vale destacar que é os nossos servidores dão um grande suporte às instituições, ao entregar para a população cidadãos globais, capazes de construir um mundo melhor, ainda que tal construção comece com suas comunidades locais. Atualmente nossas instituições contam com 45.206 professores e 34.950 TAEs, que diariamente fazem a opção de abrir mão de parte de suas vidas para dar suporte aos nossos estudantes. Eles compartilham conhecimento com os mais de 1.5 milhão de estudantes - em sua grande parte pretos ou pardos, com renda familiar inferior a 1.5 salários mínimos -, que sonham com um futuro promissor.
Falando do futuro, não é possível olhar para um país desenvolvido e justo sem repensar para a Educação. Nesse quesito, a Rede Federal e os seus docentes contribuem de forma bastante efetiva. As instituições apresentam um modelo inovador - a chamada verticalização - que oferta da educação básica a pós-graduação. Durante todo esse caminho os estudantes são guiados por servidores altamente qualificados que acreditam na educação integral, fundamentada na pesquisa, no ensino, na extensão, na inovação e na internacionalização. Os resultados desse modelo são comprovados pelo elevado desempenho dos alunos da Rede nos principais exames nacionais e internacionais, como o Enem e o PISA.
O Conif tem aberto suas portas para a sociedade e para a classe política para debater Educação Profissional, Científica e Tecnológica com a seriedade que o Brasil precisa. Em nossas instituições nascem parte do futuro da ciência e da inovação do país. Por isso, em maio, tornamos público o documento “Diretrizes para a Educação Profissional e Tecnológica do Brasil”, que serve de guia para a discussão de políticas públicas consistentes e aponta um horizonte do que se almeja para a Educação Profissional. Nessa perspectiva, tal documento coloca os servidores públicos no centro dessa atualização e é enfático ao afirmar que não há mais espaço para perdas orçamentárias, diferenças salariais e desvalorização da profissão
Neste 28 de outubro, Dia dos servidores públicos, o Conif celebra a vida e o trabalho de cada servidor e servidora público (a) desse país, bem como cobrar mais respeito e políticas eficazes para a Educação Profissional pública e gratuita. Essa é a via para um Brasil melhor.
Claudio Alex Jorge da Rocha
Presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif)